“considerações necessárias
é preciso tirar a poesia da clausura dos concursos, das gaiolas do acaso, do exílio das gavetas, trazê-la para o sabor do consumo rápido e fácil, envolvê-la de popularidade, sem o vulgarismo perigoso do que é descartável, mas também sem a absurda pretensão do que se quer eterno.
poesia para fazer rir e refletir, evoluir e incomodar, propor e decompor. poesia para os botecos, para os gabinetes, para as praças, para os salões de festas, para os mocambos, para as favelas, estúdios, vídeo clipes e palanques.
poesia sem medo, poesia sem trauma, poesia-pão, poesia-sim, poesia-não. pois ia ousar um dia popularizar a poesia.
viva a poesia viva!”
“Pio Vargas tem um “eu” coletivo tão forte que chego a vê-lo muitos. De sua poesia consigo extrair a certeza do que digo, insistente: há uma geração recente que usa e abusa da modernidade, fazendo dela o principal elemento a interferir na criação. Este Pio Vargas me trouxe uma poesia fascinante que não se atrela a falsos modelos de invenção, mas flutua, inventiva, com os mais amplos e possíveis signos do fazer poético.” >>> LEMINSKI
Despertáculo
Estou pronto
para a guerra que encontro
quando acordo:
botei vigia nos sentidos
e iludi com comprimidos
outros seres a meu bordo.
Abandonei o vício
de estar sempre
a soletrar ruínas,
dei liberdade a meus detentos
minha pressa diluiu nos passos lentos
e rasguei
meu calendário de rotinas.
Inverti a ordem.
Já não saio por aí
a devorar compromissos,
tomei posse no governo de mim mesmo
e derrotei os meus omissos.
Venci a batalha
de ter que estar sempre por perto,
às vezes voo para dentro
do meu sonho a céu aberto.
Estou pronto:
eu já concordo
com a guerra que encontro
quando acordo.
PIO VARGAS
[+ POESIA:] JOSÉ PAULO PAES
(“A posse é-me aventura sem sentido. Só compreendo o pão se divido.”)
Publicado em: 29/10/11
De autoria: Eduardo Carli de Moraes
Gostaria muito de estreitar o contato, pois, pelo caminhar na internet, vi suas postagens acerca da poética de Pio Vargas.
ELE É MEU TIO
Filho de Divina Aparecida Vargas, sou o sobrinho póstumo desse grande poeta.
Acabo de escrever um livro, aventurando-me nessa jornada-fissura da poesia… Meu livro se chama “AS CARNES DE UM DIVÔ, e, apesar de ser lançado oficialmente ano que vem, já está registrado no presente.
– Tudo de bom a você, senhor.
A Casa de Vidro Ponto de Cultura e Centro de Mídia
Luiz Carlos Michewski Júnior
Comentou em 21/12/14